terça-feira, 19 de dezembro de 2017

o que não nos mata nos fortalece

O que são pessoas de luta e resistência? São pessoas que com certeza já visualizaram a dor, a solidão, o medo, e por mais paradoxal que possa parecer, a cada situação foram se solidificando e fortalecendo a ponto de poucas coisas a abalarem, como por exemplo os sentimentos que lhes provoquem o riso, a alegria, que lhes façam sentir amor. Até o ódio se lhes é indiferente a ponto de mediante uma reação inesperada de ódio, ou de rejeição de alguém, resta-lhe devolver um olhar de condescendência, de compaixão somente,  pois é algo que não se paga com a mesma moeda. Ódio por ódio é morte mútua, é entrega, é desespero, destempero. As pessoas que conseguem chegar nesse estágio de crescimento, são guerreiras, sempre preparadas para o bom combate, estrategistas e vencedoras. Não que não chorem, não sintam dor, muito ao contrário; é que deixam para dividir sua fragilidade somente com aquelas que lhe são iguais, que são merecedoras da sua confiança, as poucas pessoas felizardas de sua cumplicidade e afeto. Quero ser uma dessas merecedoras.

segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Seres apaixonados

Escrevo para não perder os pensamentos, não me perder, não esquecer a emoção que vi em olhos que acreditam, que sonham, que têm utopia ainda. Nenhum a menos. Essa frase me marcou. Nos olhos daquela professorinha, na fala daqueles dois professores soube o que é encantamento, crença, lutar contra a corrente. Dia desses já havia ficado enlevada com um filme com esse mote, e agora acompanhando a fala dos professores, com satisfação vi que é real, existem pessoas assim.  No debate, restava claro todo o drama e sofrimento do ato de reprovar, não aprovar determinados alunos para avançar para a série seguinte. Em um dado momento, no auge da emoção a professora disse: "Tudo o que eu queria era a surpresa, eu dei uma chance, e ele não fez o básico?! Porquê? No fundo eu sabia, mas estava na expectativa da surpresa, da novidade, e não, Ele fez exatamente o que sempre fez, não estudou, não se interessou, não se esforçou." Isso de fato decepciona, dói. No filme como na vida real, o sofrimento decorre da mania dos que assim o são, de quererem a todo custo que o outro assimile a nossa crença, a nossa visão de mundo. Somos pessoas que extrapolam, não cabemos em nós mesmos, tudo transborda, somos apaixonados pelo que fazemos e como todo ser apaixonado, temos dificuldade de enxergar o que difere de nós.  Quando deixamos de ser a gente e passamos a ser o outro? Penso que tudo é uma questão de perspectiva, é necessário um certo distanciamento para enxergar o que está nas entrelinhas, colocar as questões na mesa e permitir-se a Si e ao outro fazer escolhas. É verdade que não podemos consertar o mundo, aliás há quem possa? Quem disse que ele precisa ser consertado? O que, quem é normal? É verdade também, que para vivermos  coletivamente, há alguns códigos a serem decifrados, e alguns não conseguem, ou não querem, desvendar os enigmas, e que temos as vezes uma ínfima participação na vida de alguém, pois a vida de uma pessoa não se resume a um período, a uma fase; às vezes é preciso desenrolar lá para o início, voltar no tempo,  para um despertar de consciência. Como isso não é possível, ainda que cause dor, dizer não, reprovar a atitude de alguém, fazer com que o mesmo não avance; pode ser que permita à criatura "reprovada" e  ao círculo que a envolve, a revisão de alguns atos e atitudes, pode ser que não, pois afinal tudo é uma questão de escolhas, como já dito. Pense comigo, são oportunidades e isso é profundamente libertador. A luta dos sonhadores, utópicos, é não se deixarem desanimar, desacreditar, adoecer;  e por isso avançam mais e mais, apostam, arriscam, no vício da experimentação da descoberta; pessoas assim, embora para elas sejam profundamente desgastante pois estarão sempre na vanguarda, serão também sempre esteio e solidão, são sopro e ventania, pessoas assim, movem o mundo.





domingo, 10 de dezembro de 2017

Confiança

Existem frases/palavras que quando ditas dizem muito da pessoa, as condicionam, as imobilizam, não lhes permitindo serem quem são. Permita-me tentar ser um pouco mais clara: Uma pessoa em certa ocasião me contou que desenvolveu  um projeto para participar em um concurso, porém para implantá-lo era necessário a participação de seu amigo, devido às habilidades deste, pois juntos sem dúvida formariam uma bela dupla. Este ao ser convidado disse: "Não posso, lá só tem gente boa, feras". Ele retrucou: "Você está dizendo que é ruim? Se estou te convidando é porque te acho bom para o projeto... vamos lá! Podemos até não ganhar, mas podemos fazer acontecer."  Demonstrou, explicou os pormenores do projeto, ou seja, não faltaram argumentos para elevar a autoestima do amigo. Diante da negativa  acabou que desistiu daquele projeto, pois como disse não havia como fazer sozinho. Mais tarde, o amigo lamentou o fato de não ter acreditado em si, de ter desistido sem tentar, porque dentre o resultado dos que participaram, o deles tinha chances reais de dar certo. Tarde demais o momento havia passado. Então quando um amigo diz que você é bom, não duvide.

Arrumando gavetas

Ontem quase morri, hoje estou a arrumar gavetas. Para quê tantas coisas? Se tivesse ido, tudo ficaria, nada dessas coisas teriam importância. Hum pode ser que isso sirva a alguém, separo. Vou costurar essa peça rasgada, trocar o elástico desta, ajustar essa. Hum ainda dá pra usar. Ah mas tenho tantas, depois você nunca gostou de nada descosturado, roto, puído, manchado, desbotado. Verdade. Pensando bem, já deu, melhor descartar. Assim sigo a arrumar gavetas, com satisfação.

sábado, 2 de dezembro de 2017

Cena cotidiana

O Natal se aproxima, vamos ficando mais sensíveis (Sério?), bem digamos que sim. Um mendigo chamava a atenção de transeuntes na rua, deitado na calçada de vez em quando se mexia de um lado pro outro, corpulento, a sujeira impressionava. Ao mesmo tempo que pensava, ouvia: "Esse aí pra limpar só com lava jato". Será que não tem família? pensei alto e uma pessoa responde: "Dona, quando chega nesse estágio,  a família não tá nem aí, é capaz de passar perto e fingir  que não conhece." Penso: "Será isso possível? Não, mesmo distante alguém pode estar com o coração aflito, pensando onde estará meu filho? Meu pai? Meu marido? Meu irmão?" Continuo instigando e a pessoa diz: "Dona, esse não tem mais jeito, chegou no fim, não tem recuperação, não há o que fazer." De novo penso: "Será?" Outro fala: "Antigamente, havia uma atividade das Prefeituras onde funcionários passavam pelas ruas recolhendo essas pessoas e levavam para um abrigo para cuidar, havia alguma assistência, a gente não via gente assim não". Verdade? Que aconteceu? "É a roubalheira Dona, o dinheiro vale mais que tudo, gente é investimento, gasto, dá trabalho e as pessoas andam intolerantes, sem tempo. A Senhora não vê? As pessoas preferem cuidar de um animal do que de gente?! " (Não desmerecendo os animais, veja o contexto da situação); outra pessoa do meu lado diz: " Pelos traços dele, deve ser um migrante, essas pessoas que vêm para as grandes cidades para trabalhar, chega não encontra nada, se vê sozinho, sem dinheiro e acaba na sarjeta sem condições de voltar." ... "pois é, o que não seria dar abrigo, banho, uma cama limpa pra dormir, sopa quente, o cuidado das feridas, dos pés rachados..." outro diz: "Ãh vai saber o que o levou a ficar assim.? " (Lembrei de uma mãe e sua angústia; com uma sacola de roupas, comida e outras coisas, procurava pelo filho no centro do Rio. Eu estava lanchando em uma praça e Ela sentada a meu lado me disse que vez ou outra procurava pelo filho por ali e sofria por não conseguir compreender o porque dele ter optado em viver nas ruas, sabendo que tem família, uma casa limpa e quentinha). Conjecturas.  A cena é peculiar porque se dá em uma avenida com lojas variadas, há um fluxo grande de pessoas e as que observam a cena e conversam entre si estão paradas no ponto de ônibus. Ao lado do homem caído há ambulantes com suas mesinhas, o vendedor de chocolates garoto, o carrinho de churros, na calçada há também, duas mulheres vendedoras que disputam a atenção, andam de um lado a outro; enfeitadas e no saltinho conseguem manter uma bolsa pendurada com apetrechos diversos no ombro e uma vasilha plástica em um  braço, e demonstram o que o incrível cortador de legumes faz, cortando couve fininha, a cenoura, a beterraba e o que mais se queira cortar no preparo de refeição.Vez ou outra alguém para, olha e compra o produto. Resisti. Em um dado momento o mendigo se levanta, pega um toco de cigarro no chão, revolve a lixeira, atravessa a pista do nada, caminha entre os carros e não é atropelado. Um velhinho com dificuldade, de muletas salta de um ônibus; que degrau alto meu Deus, fico aflita, um jovem aparece para ajudar. O velhinho também, devagar e com suas muletas caminha e de repente atravessa a pista e pasmem não é atropelado. Penso: é, a proteção divina proteje os mendigos, os desvalidos. Ainda agora penso, o que nos impede de dar acolhida, proteção a alguém? Nesse contexto, a impressão que fiquei é que as pessoas observam sim, algumas até se incomodam e gostariam de ajudar, fazer algo; mas tratam mais é de cuidar de si, cada um cuidando de sua sobrevivência e de sua família pois do contrário, quem haverá de cuidar? Quiça voltemonos uns para os outros, a se ajudar, se apoiar, pois juntos somos fortes. Não queira ser uma ovelha desgarrada pois ficará abandonada à própria sorte.




quarta-feira, 29 de novembro de 2017

Standby

Os pensamentos vagueiam, inconstantes, não se fixam em lugar algum, em ninguém, nenhum propósito, nenhum destino. A pessoa que os carregam, encontra-se assim, em "standby", em compasso de espera, recuperando-se, reunindo forças para continuar, está um pouco cansada das frustrações, de ser a protagonista de tudo. No momento quer ficar quieta, curtindo a paisagem, assistindo o desenrolar dos acontecimentos sem Ela. Olhos curiosos a observam, quanto tempo haverá de ficar assim? Ela ignora, faz o básico. O corpo extravasa  os excessos na forma de dor. Ah como é bom ficar quieta, só consigo mesma.  Humm será que o corpo dói justamente por estar quieto, parado? A planta no vaso também lhe observa, apontando-lhe que também  precisa de cuidado, as raízes estão expostas, precisando de substrato, de mudar de lugar. Há um certo arquivo de papéis precisando ser organizado (aliás dois). É preciso encerrar aquele projeto; há um outro para começar. Amanhã, amanhã talvez.

Madrugada

Do nada, eis que os olhos se abrem, o pensamento se ativa, o corpo se levanta. Ao lado um ressonar tranquilo, ao longe um galo canta, um cachorro late, anunciando que também estão acordados. Sons de veículo na estrada, o relógio marca 4h na madrugada, a cidade dorme, dorme? Não, é um semi acordar, os pensamentos vagueiam, não se fixam em lugar algum, não, não está tranquilo, não está normal.

domingo, 26 de novembro de 2017

Das dores que sinto-parte 1

"Quem me vê sorrindo, não sabe as dores que sinto". Essa frase se aplica a qualquer pessoa. Estranho como no dia a dia tendamos a fazer coisas nossas e do outro. Essa lógica precisa ser quebrada porque senão a pessoa vai inchando, as vezes literalmente, e tendem a explodir, ficam deprimidas ou sentem dores. Se você sente algum desses sintomas, aos primeiros sinais,  te digo: Pare. Se não conseguir sozinho, procure ajuda para que te parem. Não queira ser super, isso é personagem de quadrinhos, de filmes, de tv, ou seja; é fantasia. A pessoa normal é de carne, osso e espírito, em uma química perfeita em que nenhum elemento prescinde do outro. Portanto no dia a dia seja responsável, faça o que lhe compete fazer, e isso não é pouca coisa, significa que você estará evitando que outra pessoa assuma uma cota que não é dele(a), estará evitando que a outra pessoa fique sobrecarregada, ou seja estará contribuindo para um mundo mais harmônico.

domingo, 12 de novembro de 2017

Sobre inspiração e motivação

Ando às voltas com a falta de inspiração para fazer algo novo, motivador, daí ouvi de alguém que em determinado instante de sua vida, minhas palavras fizeram diferença, isso me fez pensar sobre o que me inspira. Inspira-me as pessoas. Se vejo um olhar perdido, é motivo para querer encontrá-lo, se ouço palavras desconexas, vejo motivos para tentar dar-lhes sentido, se sinto que a pessoa está sem rumo, sem direção, tento mostrar-lhe o caminho, mal sabem que na verdade Eu quem me encontro a cada encontro; a cada palavra trocada, é meu caminho que vai sendo traçado, percorrido. Então não faltam motivos para seguir em frente.

quarta-feira, 25 de outubro de 2017

Sobre o momento atual

Como já disse minha mãe, "tem coisas que acontecem só em quem está vivo", então, não pense que o que acontece em sua vida é privilégio somente seu, ou que a desgraça é só sua. Viva simplesmente. Se as coisas estão boas agradeça;  se não estão, agradeça também, difícil sei desenvolver essa capacidade de resiliência mas nós humanos temos essa capacidade incrível basta ver a história de cada um que aqui ainda está. O que é difícil entender nesse momento de travessia,  é a apatia generalizada, o desalento tal que imobiliza;  quero acreditar que o momento é de reflexão, as vezes nosso espírito quer ficar quieto, isolado, sozinho. Muitos à sua maneira estão pensando estratégias de mobilização, estão se fortalecendo em seu núcleo familiar, com seus amigos próximos; buscando alternativas de sobrevivência e o mais importante refletindo. Alguns, normalmente os mais mais privilegiados estão abandonando o barco, deixando os até então parceiros à deriva.  Para esses meu desprezo. Já pensou se em todas as dificuldades desistimos? Se Ficarmos mudando de lugar, de companhia?  Dificilmente essa pessoa se encontrará, ou deixará um legado para alguém, sim porque sempre há como deixar algo de proveitoso para o próximo, para a  humanidade, é algo muito maior que você, é extra vida, talvez você nem chegue a usufruir, mas se você é presente, de alguma forma sua presença será sentida, agradeçamos também aos nossos antepassados, que tanto fizeram por nós, o que nos permite estar aqui. Andando agora a pouco pelo centro do Rio, pisando nas pedras, observando os prédios antigos, fiquei pensando nos desbravadores dessas terras, especialmente nos escravos, que muitos feitos,  e quantas histórias nos deixou,  algumas para contar ainda que eles mal sabiam mas que estão nos detalhes, para os bons observadores.

Olhar feminino

Se uma mulher interessante passa na rua e  especialmente se estiver com as pernas à mostra, dificilmente um homem não torce o pescoço após Ela passar;  é interessante o fascínio que os homens sentem pela figura feminina, por seu corpo (não pensem em termos pejorativos). Agora mesmo observando a cena da janela do ônibus, até desejei ser aquela que passou, olhar de pura curiosidade, admiração. Nós mulheres também os olhamos, só que somos mais dissimuladas  e eles nem percebem, aliás ninguém percebe, só se quisermos transparecer, ao olhar fazemos um raios x  completo, peso, altura, idade, se gosta ou não, intenção, caráter, etc. e a impressão muitas vezes só nós sabemos Kkkkk. Somos terríveis.

Abraço no amado

Abraçar/aconchegar o ser amado em seu peito e assim permanecer por algum tempo, é como colocar o universo em si, e ficar vagando por instantes no cosmo sideral. O estado de conforto é reconfortante, a sensação de paz é completa. Experimentem, pratiquem e saberão do que falo. É curativo, sela cicatrizes e aperta/estabelece laços. 😉😍

quinta-feira, 12 de outubro de 2017

Cadê as Crianças?

De repente Ela se vê de volta ao início de sua vida adulta, já havia encontrado o amor e filhos eram um projeto, um desejo. Eles vieram; aliás, um e uma e encheram sua vida de cor, de alegria. Ela sempre teve problemas com o tempo é verdade, sempre pareceu tão curto, tão insuficiente para todas as coisas que gostaria de fazer/de ter feito... Agora por exemplo, onde estão suas crianças? Em que lugar do caminho Elas se foram? Para que afinal queremos ser mães? Ah aquele cheirinho gostoso sem toxinas do bebê, aquele olhar puro e brilhante a chamar de seu, a covinha disfarçada que Ela herdou de Você, o jeito todo seu Dele, a risada que te faz esquecer do mundo, o doce encontro no seu peito, os primeiros passos, o contato com a areia, o ensinar a andar de bicicleta,  o controle do próprio medo para que não tenham medo, o "mamãe posso te falar uma coisa" e em resposta "até duas", o olhar cúmplice depois. Ah tempo, tempo, lágrimas me vem aos olhos, é um clichê, mas como passou rápido! Dever cumprido? Parece que sim. Hoje dizem, "Bom dia mamãe? O que vai fazer hoje? Como foi seu dia? Tá tudo bem? Boa noite, Tô indo pra facul, tava na facul, tava com meus amigos ué, talvez Eu durma por lá, tá mãe, eu sei mãe, tentarei não voltar tarde, tô indo pra praia, vou visitar meus sogros, tô indo pra casa da minha namorada, volto só segunda, vou passar o final de semana com meu namorado"; "precisa dormir lá? - Melhor né mãe? - Você não diz que é melhor assim que é perigoso estar na rua tarde da noite?, Vai com Deus! Jesus te acompanhe, Deus lhe abençoe. Hei dá aqui um abraço, deixe-me te dar um beijo, tô com saudade, ah mamãe você adora fazer drama!"  E assim lá se foram as crianças, meu olhar brilha ao vê-los "caminhando com as próprias pernas", mas sou um pouco egoista (coisa de mãe), e o pensamento não desliga deles. Ainda bem pois assim o vazio não é completo e no espaço que ficou, uns escritos de vez em quando, a retomada de coisas que costumava fazer, costurar, ler, cuidar de plantas, assistir filmes por exemplo, voltar aos tempos de namoro, aliás esse é outro tema, um sujeito ocupado, sempre a viajar. Em ambos os afetos, a cada vez que estamos juntos é uma preciosidade, dá vontade de parar o tempo. Quanto a ser mãe, a verdade é que uma vez mãe, para sempre mãe. A minha que o diga! O importante é que sei que Ela está lá e vive em mim, e Eu Neles onde, quando e onde estiverem, ainda que metafisicamente.

Visita

Tenho em meu jardim, um certo passarinho que estava a deixar saudade.  Há meses tentava dentre outros, identificar seu canto, e Eu dizia "o que há de errado? Será que foi embora, para outras paragens? " E ouvia, " calma não é seu tempo, é o tempo dele", (aliás essa frase se aplica a mim, de vez quando, mas essa não é a questão do momento) e eis que ouvi seu canto,  do passarinho trovador, temos uma conexão Eu e Ele, Ele e Eu. Me falou das coisas que observou, das suas visões do alto, sobre as coisas do mundo, e falou, falou, como falou, um tagarela Ele, me atualizando sobre tudo, e Eu escutando, sua perfeita melodia, admirada com sua performance, passarinho de peito de aço. Em um dado momento, ali naquela perfeita sintonia, veio-me a presença de meu Pai, Ele que em sua simplicidade imitava assoviando, com perfeição o som dos pássaros para nós crianças. Estou emocionada ainda, pois podem achar que é loucura, mas senti sua presença, meu querido Pai me visitou naquele passarinho.

domingo, 6 de agosto de 2017

Siga em frente

Deu vontade de escrever, falar com você agora, da angústia que me assola, que aliás assola todos nós. Dizer que o que se sente é autêntico, é humano, que por certo Deus perdoa. Queria poder te dizer que não se sintas assim, mas fazer o que? Como se diz: faz parte. No entanto dIgo a você que tudo nessa vida é passageiro; como dizem também: Não há mal que sempre dure. É certo que há um bando de fracassados que sentem inveja da sua alegria, de suas conquistas/realizações; que se regozijam com a miséria, com o sofrimento alheio. Estes quando no poder, procuram nivelar as pessoas por baixo, quando deveriam promover o bem comum, assegurando dignidade e igualdade de direitos a um patamar mais alto. Isso me perturba bastante, mas muito mais quando vejo um semelhante parece que conformado e por que não dizer com uma pontinha de satisfação pelo lamento, pelas perdas do outro, talvez por não ter tido, ou não tenha o que Ele vê no outro como privilégio. Matemática estranha essa e os donos do tabuleiro sabem manobrar essas fraquezas humanas com esmero. Daí minha real preocupação, as próprias pessoas quando deveriam ser um agente de transformação, são massa de manobra para o intento dos jogos de poder. Bem, lamentavelmente  ao longo da história, isso sempre existiu, é uma parte do motivo da nossa existência, é o que paradoxalmente promove nossa evolução, vai filtrando, aprimorando, moldando nosso caráter. Enfim, quero te dizer que,    Vá, se alimente no outro, contigo há uma multidão, ainda que muitos não queiram. É certo que a força interior que tanto procuras (o Deus que há em mim), e que faz com que vençamos os obstáculos, o medo e a dor, se manifesta no encontro, na busca, no movimento. Então, vá! Titubeando mas vá, como dizem: o que não nos mata, nos fortalece. Continue desbravando, mostrando o que há de melhor em Você.

domingo, 23 de julho de 2017

Cidades pequenas

Coisa boa são cidades onde as pessoas, segundo uma amiga disse, não vivem emboladas, não há lixo espalhado, há sinais de um certo zelo das pessoas com suas coisas, há menos coisas descartáveis, há mais flores,  os terrenos não tem muros, as casas não tem grades nas portas e janelas e tampouco nas praças, nelas os  gramados e bancos são um convite pra sentar, bem como os armazéns, as biroscas. Até mesmo na periferia percebe-se nos mais humildes um quê  de dignidade. A vida parece correr devagar, com menos gastos com futilidades e poucos  aborrecimentos. Os sonhos das pessoas se resumem a ter uma boa comida, bebida, um estudo suficiente, algum dinheiro e uma festa de vez em quando pra se enfeitar,  e qualquer motivo é um espaço pra prosear. Em lugares assim parece que o céu é mais azul, os pássaros são vistos e se escuta seu canto; com certeza a respiração é mais leve e as pessoas se olham nos olhos, prestando atenção umas nas outras,  o bom dia é espontâneo e o sorriso também. Coisas como aparelho celular, notebook, etc. ainda são novidades e parecem não fazer falta; aliás ainda é visto como falta de educação quem tem, usá-los quando estão com outras pessoas. Lugares assim fazem a gente ponderar sobre estilo de vida, sobre valores, sobre limites, que a busca desenfreada pelo ter sempre mais, faz o ser ficar esquecido e isso traz infelicidade.  Reflete-se que para viver basta ter o necessário  e como já dizia uma musiquinha de um desenho infantil, o extraordinário é demais.

sexta-feira, 21 de julho de 2017

Zagaia



Dos causos mineiro, que ouvi por aí-A estória do Zagaia: Reza a lenda que há muito tempo, no tempo da escravidão, dos tropeiros que andavam armados e levavam a boiada  pelas montanhas e sertões, no tempo das lamparinas e colchões de palha, havia um fazendeiro cujas terras ficavam em uma das encostas da Serra da Canastra, no caminho que os tropeiros faziam  para  vender o gado. Sabendo disto, ao retornarem, o fazendeiro lhes oferecia pouso e comida.  Vez ou outra aparecia por lá parentes ou até mesmo empregados preocupados, procurando por pessoas que vieram por aquelas paragens e  misteriosamente haviam desaparecido. O acaso quis que o mistério fosse descoberto  e soube-se assim,  que o fazendeiro construiu uma Zagaia, um pesado tronco de madeira, cheio de pontas, que colocava de forma disfarçada sobre a cama do hóspede. Quando o hóspede se preparava para dormir,  ele ficava atento aos seus movimentos  e enquanto a pessoa dormia, do seu quarto, puxava uma corda e a Zagaia descia e o matava; isso feito,  roubava lhe o dinheiro  e enterrava o corpo atrás da casa. Certo dia, um tropeiro hospedou-se na estalagem quando levava a boiada para vender; o fazendeiro encheu-o de atenção pois sabia que ele retornaria por ali. Enquanto o Tropeiro descansada e fumava um cigarro de palha, a escrava do lugar pediu-lhe o toco do cigarro e Ele generosamente deu-lhe um pedaço do rolo do fumo. A escrava ficou imensamente grata por tal  atitude, pois até então ninguém lhe havia dado tal atenção. Quando o tropeiro retornou da viagem com o dinheiro da venda do gado, o fazendeiro o cobiçara e novamente lhe ofereceu hospedagem, desta feita para roubar-lhe. A escrava lembrou-se do seu gesto e em agradecimento,  alertou-o do risco que corria  e da armadilha do fazendeiro para roubar os viajantes. Assustado e precavido, à noite ele preparou a cena para dormir: acendeu a lamparina, dirigiu-se ao quarto e pressionou  o colchão de palha para fazer barulho como se deitasse, esperou em silêncio e viu a Zagaia caindo sobre a cama tal qual a escrava havia lhe contado e logo após, na penumbra do quarto à luz de lamparina o fazendeiro apareceu e quando se abaixou para conferir que estivesse morto, Ele instintivamente o matou com um tiro no peito. Pela manhã, a polícia após o relato dele e o testemunho da escrava, descobriram trinta e duas ossadas enterradas no terreno da propriedade, das pessoas que haviam passado por lá. Estória sinistra essa, dizem ser verdadeira. A lição dessa história é que devemos tratar todas as pessoas bem, de onde menos se espera pode vir a ajuda que pode salvar sua vida.




sexta-feira, 14 de julho de 2017

Instante

Porque o instante existe, e é preciso o riso, o canto, o encontro;  para que a vida se manifeste e o calor minimize  a  agonia, a dor que insiste.

Por que me importo?

Por que  me importo? Por que me incomodo? Porque nunca vou desistir de Você e espero que não desista, não se abandone, a um ponto que seja difícil ou impossível voltar.

Ramos é seu nome

Ramos é seu nome, um jovem empreendedor de 42 anos, jovem? Se duvidam é porque não o viram e ouviram falando. Há cerca de cinco anos Eu o reencontrei estabelecido em uma cidadezinha no interior de Pernambuco, dormindo em local improvisado em meio a diversos materiais de construção, em local alugado para um pequeno comércio. Já o conhecia mas ainda não havia tido a oportunidade de lhe dar a devida atenção. Durante nossa conversa disse-lhe que era detentor de um grande talento e inteligência e que devia dar vazão à seu espírito empreendedor e de realização, pois pressentia um futuro brilhante para Ele. Ao retornar à Pernambuco, fez questão de nos receber, nos apresentar sua esposa, uma parceira/companheira para todas as horas como Ele Mesmo disse  e mostrou-nos seu progresso, um empresário em franca ascensão; a lojinha se transformou numa loja própria, ampla e bem organizada. Mais uma vez pude rever o brilho de seu olhar e sentir a alegria e entusiasmo na sua voz e a pureza de seu coração, impressões raras de se ver e que se destacam quando alguém as possuem. Ramos vêm de uma família de nove irmãos, todos de uma dignidade e força ímpar, é o primogênito dos filhos homens, foram criados somente pela mãe (viúva e mais tarde abandonada pelo companheiro), mulher de fibra e coragem pois como Ele mesmo disse, naquela época era comum no Nordeste, mães na situação da sua, darem seus filhos para outros criarem, mas a Dele não, ficaram juntos, apesar da vida difícil tão comuns no Nordeste. Ainda criança foi para a lavoura, para o corte de cana, para o uso da enxada e diversos outros afazeres nos engenhos, lembrou das diversas vezes que tinha somente angu de fubá para comer, que raramente comia um pedaço de carne e o leite era doado por uma vizinha de bom coração, que tinha algumas cabras. Com meu marido, lembraram sorrindo algumas passagens comuns, das situações difíceis que viveram na infância e também dos alegres banhos de rio e dos namoros. O mais gratificante foi constatar que hoje, estando na situação de patrão, preocupa-se com o bem estar de seus empregados (pois já esteve do outro lado), orgulhoso disse-nos que todos são devidamente fichados, que têm seus direitos garantidos e que faz pesquisas frequentes para constatar que é o que melhor remunera seus empregados e que busca o tempo todo envolvê-los nas atividades como um bem comum, que se a empresa estiver bem, eles estarão também. Fiquei deveras emocionada quando Ele me disse que guardou  minhas palavras em seu coração, que alguém expressou que acreditava Nele e que via para Ele um futuro promissor. Ramos é seu nome e Ele só está começando. Sou grata pelo privilégio de conhecer uma pessoa tão inspiradora.

sexta-feira, 2 de junho de 2017

Olhe-se no espelho

Não importam as circunstâncias que você nasceu, se chegou até aqui, é um milagre. Viva! Será que só Eu enxergo a grande criatura que habita em ti? Vejo o brilho nos seus olhos apesar da aura triste, das olheiras, do cansaço. Não seja tão dura consigo,  a perfeição é justamente a imperfeição, antes seja você mesmo com suas marcas, suas características, suas só suas, que te fazem um ser único. É quase inevitável seguir modismos, tendências, querer copiar alguém de "destaque", mas creia,  quanto mais autêntica for a pessoa, mais original Ela é e por isso mais interessante. Você já se olhou no espelho hoje? Olhe-se, e não fique olhando detalhes sem importância, tente enxergar o brilho em seus olhos, esse que te falo. Ele está lá, dê-se um sorriso, um abraço e diga à pessoa do espelho: Te amo, que bom que existe, está aqui. Bora dizer isso a alguém?!

Devaneios


Ãh as palavras, como são difíceis;  às vezes saem erradas,  de supetão, em um momento  inconconveniente, inapropriado, às vezes são contraditórias, às vezes ficam presas na garganta, às vezes saem perfeitas mas sem cor, sem brilho; às vezes de tão duras são avassaladoras, às vezes não  tem nenhum sentido, às vezes não é preciso dizer nada, mas elas lá estão no silêncio, às vezes são repreensíveis, às vezes são doces,  motivadoras, às vezes são débeis como agora. Normalmente as acompanham, o olhar, algum gesto que falam tanto quanto, reforçando a intenção; às vezes o gesto não as acompanham mas deveria; em que momento você  devaneou? A possibilidade de erro é tanta que muitos se calam, preferem o silêncio e sem ação. Não se envolvem, não se expõem para não sentir/ou para não impingir no outro, a força delas.
Várias vezes me pego pensando, em que momento Eu poderia ter feito diferente? Em que momento deixei-me levar pela emoção e não falei as palavras adequadas ou falei demais? Porque não reagi quando me senti agredida ou não pedi desculpas por de alguma forma ter agredido alguém com minhas palavras, com meu gesto? porque as palavras não são ditas no momento preciso?
Essa volta toda é para falar o indizível, da angústia que está em mim, da cobrança eterna da perfeição mais que perfeita, desta que é seguramente algo inalcançável, das coisas que meus antepassados foram passando de geração em geração, e me fizeram carregar, dos ombros doídos, cansados das surras que levei da vida, das muitas vidas e que ainda não aprendi apesar de já ter caminhado bastante.
Porque me preocupo tanto? Inclusive com coisas que não me dizem respeito? Porque essa mania de me meter nas coisas dos outros, de querer ajudar, de fazer o que compete ao outro? Porque levar tudo tão a sério se vivemos num teatro de ilusões?
Algumas pessoas têm a característica de se envolverem em atividades complexas, desafiadoras, de difícil execução, no eterno auto-conhecimento, aperfeiçoamento, sou dessas, que tola, pura teimosia, vaidade; tomara não me torne chata a ponto que não queiram falar comigo, jogar conversa fora, palavras ao vento, algo que ainda me resta e que tanto gosto.

sexta-feira, 19 de maio de 2017

Existência

Observando meus filhos, as pessoas que convivo, fico fascinada com o mistério que é a existência. Impossível não sentir admiração pelas criaturas; perguntas como: Porque existo? Qual o sentido da vida? Sempre irão ressoar nas nossas cabeças, sem resposta. Simplesmente em um determinado instante propício, dois corpos se encontram e o milagre da vida acontece, parece que era a chave, a conexão necessária para acesso ao  portal para esse mundo. Na verdade os genitores pouco contribuem para esse novo ser, no sentido da sua essência, cada um trás em si, um selo, uma característica, uma marca da sua individualidade, da sua inteligência, de sua forma de aprendizagem, das cores com que veem o mundo, a paisagem. Os que conseguem vencer a passagem, começam a trilhar uma saga que perdura até não se sabe quando, nasce e já começa a envelhecer para o fim, ou recomeço talvez. Durante esse trajeto muitas lutas, internas, com ele mesmo e com outros, na verdade numa busca do encontro de si mesmo. Nessa busca poucos conseguem intervir, muitos sucumbem com os enfrentamentos, com as descobertas, porque as coisas parecem sem sentido, vazias. Durante o curto período de sua existência, as luas já se poram e ressurgiram há muito mais tempo que ele imagina, há bem mais tempo que suas indagações, esse mesmo sol já iluminou quantos mais desde que suscitou as condições favoráveis de vida na terra? Sucumbe porque deixa-se inebriar pela beleza, pelo mistério das inúmeras possibilidades de experimentações, de alguma forma algo o fez acreditar que é algo especial, superior e nessa crença, se perde no fogo fátuo dos holofotes do poder, ou da falta dele por achar que deveria tê-lo. Muitos perdem tempos preciosos do viver, pois demoram a perceber que o essencial é invisível aos olhos, está na apreciação das coisas simples, na troca de experiências com o outro, a outra, no sentimento, na emoção do momento, na partilha que torna a mesa farta, no olhar generoso, no trabalho no sentido de aplicar os dons recebidos, colocar-se à serviço não no sentido de explorar alguém ou deixar-se ser explorado, mas de ser útil à sociedade, ao bem comum. Ou seja, a caminhada é que dá sentido a vida, durante a luta há que seguir na busca desarmados, daí dá-se o encontro de vida, com a vida.

terça-feira, 2 de maio de 2017

Quando estiver triste

Quando estiver​ enlutado, com o coração anuviado, sinta a pulsação, a respiração, o clima, vista-se de cor, qualquer cor, tome um café, pode ser um leite quentinho também, caminhe a passos lentos, acelere um pouco mais, sinta o comichão do sangue fluindo, observe uma flor, um pássaro que voa, procure um olhar cúmplice, cumprimente alguém e Deus se manifesta e o riso vem, a alegria vem se não de manhã, no cair da tarde.

Filosofando

Uma vida é muito pouca pra nós, é tudo muito rápido para tudo que sinto. A eternidade talvez? Outra vida talvez?

Em algum lugar do passado

A memória visita algum lugar do passado; após já ter trabalhado de forma informal em troca de alguns trocados, a jovem sonha com seu primeiro emprego e impelida pela necessidade vislumbra uma possibilidade e se submete a testes em uma grande confecção de roupas masculinas e consegue admissão. A vontade de vencer e a força da juventude, faziam com que abraçasse todos os desafios e ignorasse o cansaço, a marmita fria que era cheirada antes de comer, a dor do dedo perfurado pela máquina de costura industrial, da humilhação quando não havia feito uma costura perfeita, cuja peça não era descartada mas era descontada do salário, da meta de produção que nunca era alcançada, da supervisora que não tinha chicote mas que sua presença circulante, seu olhar e fala sibilante, sempre procurando diminuir a auto estima das empregadas, eram intimidadoras para uma jovem de quinze anos, que segundo a ideia corrente precisava de disciplina, obediência cega para aprender como se trabalha e naturalmente se submetia porque​ o salário complementava a renda da família.
Mais tarde no segundo emprego do mesmo seguimento e cenário, a irmã​ se junta nessa experiência, eram (sempre foram) funcionárias exemplares, os corpos eram máquinas de vigor no movimento de máquinas, tesouras, linhas e peças de roupa; mas as tarefas nunca eram suficientes, as metas de produção inalcançáveis e ao final dos meses, a frustração ao conferirem​ os contracheques pois o adicional esperado não vinha.
Nos dias de hoje próximo a sua "aposentadoria" , a "surpresa" ao constatar que seu patrão do primeiro emprego não depositou o valor devido à previdência e terá que "correr atrás"; acostumada aliás.
A constatação dessa jovem ao final é que sobreviveu e venceu no mundo do trabalho, devido a proteção assegurada pela legislação trabalhista e daí a desconfiança, a preocupação em lutar para assegurar os direitos duramente conquistados com suor, lágrimas e sacrifícios dos trabalhadores e trabalhadoras que a antecederam. Se com proteção, essa não é nem de longe a pior história, haja vista os trabalhadores das fábricas em geral, dos empregados (as) domésticas, de carvoarias, mineradoras, os lavradores, dos "paus de arara" , a do meu Pai que de tanto trabalhar, seu corpo tremia de exaustão e por essas e outras veio a falecer aos 52 anos e outras; alguns(mas) não viveram nem pra contar sua história.
Finalizando, os trabalhadores(as) pobres, que "venceram" e ainda lutam com medo de perderem o pouco que conquistaram, trazem em si e família várias marcas de sacrifício e superação, e numa sociedade tão desigual, injusta e corrupta como a nossa, a vitória só acontece sobretudo além da proteção assegurada por legislação específica, por uma força interior muito grande, de se saber que não está só, que há um Deus que alimenta seu espírito. Por isso, agradeço.

terça-feira, 18 de abril de 2017

Na selva urbana

Por que​ Eu? Por que logo comigo? O correto: por que não Eu? Por que​ não comigo? Vivemos numa selva não sei se perceberam, assim sendo,  somos vulneráveis, ainda que paradoxalmente estejamos em meio a uma multidão. Portanto, como na selva, evite  caminhar sozinho, em lugares ermos, escuros; e se assim for, levar um cajado para auxiliar no caminho para tatear o solo onde pisa, e levar consigo somente o que possa carregar, o essencial;   em ambas as situações, devemos cuidar dos pertences que para nós tenham algum valor, não expô-las ao perigo. Isso​ é cuidado, é vigiar, vigiar sempre como já dizia o versículo. E em todas as situações, levar Deus no coração.

quarta-feira, 12 de abril de 2017

Inebriada

Levemente bêbada, inebriada por uma, talvez três taças de vinho? Humm, não tenho certeza, porém sei que foi bom jogar conversa fora, com meu marido e filhos, em plena noite de terça feira, onde TV não nos fez falta, aliás nunca nos faz falta. Deixar a conversa rolar solta, sobre sentimentos, situações do dia a dia, ficar parada olhando os lábios, os olhos brilhantes da filha Luisa falando de suas experiências no estágio; que apesar de ter que praticamente recomeçar um trabalho que está fazendo há  um mês, está feliz por cujo trabalho sofrer críticas de uma pessoa mais experiente o que a levará a rever muitas coisas e com isso  compreendeu, o quanto  é gratificante revisar e vislumbrar o quanto tem ainda a aprender; de ver seu sorriso ao constatar que representa a diversidade num ambiente em que as pessoas em sua maioria são praticamente iguais; que tem personalidade e estilo que a fazem única; de ver o sorriso generoso e as observações atentas do filho Rael, acompanhando tudo. Não precisa ser terça feira, mas que vez ou outra faz bem o casal esvaziar uma garrafa de vinho, faz, isso faz. Tin Tim.

sexta-feira, 31 de março de 2017

Uma história triste

Uma história real, triste. Em um dia de março de 1999, (me benzendo agora para que não se repita), na Rua das Laranjeiras, Flamengo-Rio, fui vítima da famosa "saidinha de banco". Em plena luz do dia me vi cercada por três assaltantes que discretamente me mostraram as armas, instantaneamente me senti acuada como um animalzinho cativo, em choque abri minha bolsa onde suas garras ávidas, pegaram o dinheiro, lembro de suas caras drogadas, do riso sem dentes ou quebrados. Isso feito, sumiram imediatamente. Poucas vezes chorei da forma como chorei, me senti absolutamente só, vulnerável, uma ninguém, pois apesar de várias pessoas assistirem a cena (porteiros dos edifícios, técnicos da Cia de energia que estavam praticamente ao lado e transeuntes vários), frustrada pensava porque ninguém faz nada, um grito sequer? (Hoje entendo, o que fazer ante a ameaça de uma arma?) Completamente desconsolada, apareceu um policial que fazia ronda no bairro e solícito falou-me: "Foi agora Senhora? Vou pegar Eles, a Senhora reconhece?"  Descrevi,  e com a arma na mão começou a abordar todos os jovens negros que passavam, lembro de suas caras assustadas, do medo estampado, as mãos trêmulas procurando a Identidade, da adrenalina que exalava do policial, da tensão e cansaço em seus olhos, do desejo de cumprir seu papel, me proteger, prender os assaltantes. E recuei, pensei e falei: "Seu policial agradeço sua atenção, mas deixa pra lá, estou muito nervosa posso me confundir e cometer uma injustiça ou colocar a vida de alguém em risco." Ele falou: "Tem certeza?" Sim. "Ok, mas qualquer dia menos dia, Eles dão um vacilo e pegamos Eles, porque essa gente não vive muito tempo não. Vou acompanhá-la até sua condução". Durante o percurso conversamos entre outras coisas e ainda chorosa, falei: "Sendo policial esse tipo de coisa não acontece com você não é mesmo?" Ele: "A Senhora que pensa, dia desses, em meu carro, com minha família, o bandido colocou a arma na minha cabeça e anunciou  o assalto no sinal de trânsito, gelei, todos apavorados,  e   torci para que Ele não visse minha identificação de policial, e no menor vacilo, matei-o ali mesmo." Impressionada com o relato, com a naturalidade, falei: "mas e aí? Como é conviver com isso?" Ele falou: "Por Ele não senti nada pois um minuto antes, poderia ter sido Eu, pela mãe dele sim, naquela noite eu não dormi, fiquei pensando nela, sim, porque uma mãe chora por qualquer filho."
Esse fato me marcou, vez ou outra penso nesse policial, se Ele está vivo, quantos matou, quantas noites insones, penso também nos jovens bandidos, em sua maioria negros, favelados, marcados para uma vida curta, na desestruturação das famílias, na falta de orientação, oportunidades, na ausência do Estado,  na tragédia social que se encontra nossa sociedade, nesse período arcaico de-se tentar fazer justiça pelas próprias mãos,  no salve-se quem puder, ou se não encontrar uma bala perdida, nas mães que choram pela perda de um filho(a) em qualquer situação (e os pais também).  Assim como o policial, todos somos vítimas desse contexto, do Estado falido. Rogai por Nós, óh Pai!

quarta-feira, 29 de março de 2017

Conversa com Taxista -2

Sobre taxistas - parte 2. Agora voltando​ pra casa em São Gonçalo após a reunião que participei no Rio, vejam que coincidência, o motorista que me leva é o mesmo que me transportou a cerca de dois anos atrás, e lembramos um do outro, recordei e agradeci a Ele novamente pela atitude dele à época ao devolver meu aparelho celular que havia esquecido em seu carro, do trabalho que teve em tentar me encontrar para devolvê-lo e que sua atitude ficou marcada em mim. A resposta: "Senhora, não fiz nada de extraordinário, o que fiz deveria ser o normal, a gente é que houve tanta notícia de falcatruas, que acha que ser honesto é algo anormal, raro e por isso tem que ser valorizado, sendo que isso é errado, ser honesto deveria ser uma condição/característica do Ser Humano; falamos sobre o momento difícil que Ele tá passando, da situação do País, das alternativas e sobre outras coisas que só engrandecem a sua pessoa. Cheguei em casa mais esperançosa, após conversar com pessoas, com esses valores. Hoje foi só reforço de minha aprendizagem com os taxistas. Dia muito produtivo, rico, cada vez mais preciso jogar conversa "fiada" fora, como assim falou o Sr. Antônio pela manhã. Ah, antes de fazer essa postagem li para o Sr. Pedro que com os olhos brilhando disse, "pôxa Dna. Raimunda, a Sra. tá fazendo um machista chorar", rsrsrsrs.

Conversa com Taxista


Uma das coisas que aprecio é conversar com taxista, como nesse momento, conversando "fiado" com diz o Sr. Antônio, em meio a um engarrafamento costumeiro 😣, muitas conversas, risadas e lições. Agora mesmo Ele falou, "só gosto de pessoas trabalhadoras, que gostam da vida, senhora", "tô passando por um período meio quebrado, mas tô sentindo que vai melhorar senhora", "sou nordestino​, fui miserável no sentido de não ter coisas, mas abracei as oportunidades, tive três filhas, todas inteligentes e trabalhadeiras, uma engenheira química, uma advogada e a caçula estatística, todas viajadas, conhecidas nas suas profissões, sim senhora, porque as vezes você olha para alguém e não dá nada, mas seu nome vai longe"; "acompanhei a história política do país e me envergonho dos nossos políticos, o Brasil, os brasileiros, muitos dos que se beneficiaram inclusive, devem ao governo Lula, e são ingratos, em minhas viagens ao Maranhão, vi a comida no prato das pessoas, nos meus parentes de lá, crianças na escola devido ao programa Bolsao Família; eu vi Senhora, o Brasil nunca mais terá um governo com um olhar para o povo pobre como o governo do PT da era Lula." "A justiça tem que ser cega Senhora, pau que bate em Chico, tem que bater em Francisco"; "muitas pessoas ficam incomodadas de sentar em um restaurante, em viajar de avião ao lado de um pobre", "não vêm quão pobres são"; "os políticos querem acabar com os concursos, para botar seus apadrinhados, para calar a voz das pessoas comuns, do povo, quer um país de pobres, subservientes"; "adianta sim Senhora que os políticos, os "poderosos" fiquem presos, ainda que por pouco tempo, pois fora dos círculos deles, serão olhados com desprezo, os filhos, os parentes, sofrerão chacota, serão olhados com desprezo pelo povo". "Falo para minhas filhas, sejam​ honestas, trabalhem, estudem, se especializem, para falarem com propriedade sobre o tema, ouçam tudo e de todos mas tenham personalidade, não sigam a onda, façam as coisas conforme suas convicções, seus próprios valores e crenças." O Sr. Antônio tem 74 anos, uma filha de quatro anos e pressente que as coisas vão melhorar. O que se aprende com uma boa conversa. Gratidão.

Memória de criança

Saudade da minha infância agora, lá no interior de Minas Gerais, uma vida rica, agora sei. Cozinhava-se no fogão a lenha, mamãe Maria até mesmo numa trempe de serragem; a meninada em volta, ajudando, aprendendo. A galinha caipira criada à vontade no quintal, o porquinho era cevado com cuidado pelo meu querido pai, me contaram que quando bebê havia até uma cabra para me dar leite, pois Eu era alérgica ao leite de vaca, um luxo. Aliás, a gente acompanhava o leite sendo retirado da vaca, puro, consistente, onde era transformado no requeijão, manteiga, queijo, em doce de leite, hummm.Mais tarde morando em um vilarejo, a quantidade de leite, eram entregues cedinho em vasilhames próprios; vez ou outro alguém matava uma vaca, na roça era uma festa a confecção das linguiças, do chouriço, o corte das carnes, do Toucinho. Ah o torresmo, delícia, sequinho e crocante. O milho, a mandioca, legumes, frutas e verduras colhidos para consumo a seu tempo; no meio de muito trabalho, fazia-se muita coisa gostosa manualmente, desenvolvia-se habilidades, em meio a muitas risadas, conversas e aprendizagem. Ah saudade, da minha avozinha querida, em sua casa sempre havia potes com quitandas, que Ela guardava como uma caixa de tesouro para a alegria dos netos, o sabor do biscoito de polvilho, das broas, dos bolos, aindha me dão água na boca. E havia ainda os pastéis, o macarrão, todos feitos em casa, com massa caseira. A carne secando ao sol, defumando sobre o fogão, armazenadas na própria gordura. Ah sinto o cheiro do café, moído na hora, filtrado no pano, o sanbor do pão de queijo quentinho. Gente, muitos não sabem do que falo, mas os de minha geração, de minha origem, se recordarão, sabem de como era bom. Do quão ricos éramos e somos por carregar essas recordações conosco, e daí essa procura, busca, empenho em levar um pouco disso ainda nos dias de hoje.

domingo, 12 de março de 2017

Sobre sorrir e chorar

Trabalhando para uma pessoa com temperamento explosivo muito difícil, um dia em uma reunião, Ele no auge da explosão, olhou para mim e disse "E Você? Sempre com essa calma, esse sorrisinho no rosto?! Respondi: "Você queria que Eu me derramasse em lágrimas né? Nunca lhe dei esse prazer. Embora escondida às vezes. Aliás como é bom chorar, lavar a alma como se diz, choro por emoções que sinto: de raiva, de alegria extrema,  por prazer, por tristeza, por perdas (Essa é impossível não chorar), as vezes a saudade é tanta que choro; por sensações, como a dor física, quem ainda que disfarçadamente não verte uma lágrima por um belo tropeção, uma martelada, um aperto inesperado num dedo?. Quem não chora, não ri, não sai da linha de vez em quando, não é humano. Pra você sempre o meu melhor sorriso, verdadeiro.

sábado, 4 de março de 2017

Um instante sozinha


Sozinha, no silêncio do meu quarto, sob a luz do abajur ouço o barulho do ambiente. Lá fora uma cigarra canta, nunca soube ao certo porque elas cantam; afinal é pedindo/prevendo sol ou chuva? agora um grilo faz parceria, um cão late ao longe e a água  chora ao escorrer pelas pedras e reentrâncias de seu destino, que barulheira de repente. Isso! Ofusca meus pensamentos, tira de mim esse sentimento de solidão, esse vazio de algo que nunca foi meu que como dizem me foi dado como empréstimo e agora tenho dificuldade em devolver. Que angústia óh Pai, para onde segue o meu destino? Um turbilhão de emoções invade minha alma, a outra ao invés de me acolher foi logo apontando o dedo na ferida, ué tá reclamando de quê? Você foi dar liberdade ó, deu no que deu, agora aguente. Mas como assim? Deveria ter sido diferente? Eu só preciso saber a técnica de como fazer com quê meus pássaros venham beber a água da fonte sempre que quiserem. 

domingo, 15 de janeiro de 2017

Futebol

Raimunda Silva de Santana atualizou o próprio status.
Festa linda da torcida com esse belo resultado da seleção masculina de futebol. Como é bom quando tudo vai bem e o resultado é o que esperamos, permanecer patriota, perceber o empenho e tecer elogios aos jogadores e jogadoras quando o resultado é negativo, é que é difícil. Assim é em nossa vida, a questão é como viver cada momento, festejar a vitória, reconhecer a derrota, acolher e perseverar na certeza que outras oportunidades virão.

Sobre aposentadoria

Não consigo entender como trabalhadores e trabalhadoras que tem carteira assinada e emprego e desempregados que já tiveram algum tempo de contribuição ao INSS, ou aqueles que por um motivo qualquer interrompeu ou não contribuiu com o INSS e não tem renda garantida aleguem que não se preocupam com mudanças nas regras da aposentadoria. É fato que pessoas que tem saúde e disposição para exercer suas atividades profissionais e estão empregadas e gostam do que fazem, continuarão trabalhando indefinidamente e isso é escolha delas, se aposentar ou não, fazer outra atividade ou não; porém, a hora que isso tiver que acontecer, por incapacidade ou não, oxalá possamos parar e continuar com nossas necessidades básicas minimamente asseguradas. Todas as vezes que as regras da aposentadoria mudaram me preocupei e me preocupo agora, entendo que de tempos em tempos ajustes devem ser feitos, e vamos pagar um preço, pois sempre recai no bolso dos que trabalham/contribuem, mas como não se/me preocupar se as políticas de governo, especialmente as que se configuram no momento são prenúncios de mais desigualdade social, de renda e de perda de direitos duramente conquistados? Que garantia terei de que quando precisar serei minimamente assistida e aos meus? Finalizando, não me parece justo contribuir para o INSS mais anos que os já definidos sem conseguir vislumbrar nenhuma melhoria no sistema, vendo nosso dinheiro suado, saindo pelo ralo da corrupção.

Coxinhas e mortadelas

É triste constatar que poucas pessoas se dispõem a alcançar o pensamento do outro, olham e não vêem, escutam e não ouvem. O momento que vivemos no país é um bom exemplo, o primeiro movimento onde uma grande maioria das pessoas que não pensam no outro, a não ser de forma imediatista, do assistencialismo, ou que tirem proveito próprio; foram às ruas pelo impeachment da presidenta, e naquele momento, como agora, pouco se importam em acabar com a corrupção de fato, querem melhoria sim, mas preocupados em manter seus privilégios seu "status quo", com sua família e amigos. Ainda agora ficam medindo forças, qual movimento levou mais gente as ruas, qual movimento foi mais ou menos pacífico, quem falou mais ou menos errado, etc... parece-me que pouco mudamos dos tempos de colégio, das brigas de torcida. Gente a hora é largar de picuinhas, abrir os horizontes, expandir o olhar, porque afinal de que lado Você está? dos oprimidos ou dos opressores? Querem mais é continuar batendo continência, para o capital, para o poder e replicando a opressão cadeia abaixo, né? É pouco cristão isso, não acham? Temos mais é que ir pras ruas mesmo, todos. Pois afinal, todos queremos um país melhor. Não é possível que não enxerguem (mas não vêem) que Temer é um presidente ilegítimo, pois quando o Eleitor vota, vota na figura do Presidente, no caso Presidenta e na política e seu programa de governo; sim, Ele também estava lá como vice eu sei, porém quando um presidente se afasta, deve encaminhar as políticas de governo pactuadas votadas e Ele e seus asseclas ardilosamente tramaram tirá-la da presidência, barraram os projetos, o que esse processo vergonhoso de impeachment demostrou, e imediatamente começou a direcionar todas as ações contrárias ao esperado, programas onde claramente privilegia as grandes corporações, ações que promovem mais desigualdade de renda, de oportunidades para os mais pobres, ações contra os trabalhadores, etc. Afinal, que País queremos? Continuar com medo, engradados nos condomínios? Vendo a vida pela vidraça dos apartamentos, dos carros? Parem de olhar pra televisão, ouçam mais seu coração. O mundo é de todos, para todos. Uma humilde reflexão, me perdoem. Beijos no coração.

Da capacidade de Adaptação

Alguém disse que a palavra que melhor descreve o que se passa com os atletas paralímpicos, não é o que chamamos comumente Superação, mas é na verdades a capacidade de Adaptação. Eu os vi, vi aqueles movimentos de tira e bota as próteses, o sobe e desce de cadeiras especiais, o pega e larga bengalas, assisti suas performances incríveis, concordei e tirei uma lição e divido com Você. Diante das mudanças e perdas físicas inevitáveis e as vezes drásticas, ou quando se nasce diferente do que se diz normal, o que fazer? Chorar? Sim, porque é inevitável e dores, ninguém merece, mas a saída é viver com o que se tem, cuidar do que se tem, se amar, se respeitar, olhar à volta as alternativas e descobrir o que há para fazer da forma como se é, adaptar-se à realidade, às próteses, adaptar ferramentas específicas, criar situações e se mostrar para o mundo, não há vergonha nisso, isso é sinal da vida que há em ti; forçar que as demais pessoas abram as cortinas dos olhos, da compreensão de que o mundo é para todos, é composto de gente de todas as formas, tamanhos, e cores. Viver é uma dádiva, vivamos com o que somos, o que temos, simples assim.

participação em casa

Aqui pensando... como pode a pessoa ter discurso bonito, de direitos humanos, de luta por igualdade, de uma sociedade mais justa, etc. Se em casa não arruma a própria cama? Sabe aquelas regras básicas de casa? Tirou o alimento da geladeira, se serviu, sobrou, devolve pra geladeira. Acabou? coloque o vasilhame, prato, etc na pia e de preferência, lave. Roupa suja? Ao menos coloque no cesto para ajudar o outro, (normalmente a outra) se não irá lavar. Vê um objeto no chão ou fora do lugar, guarde no local correto, isso vale para lixo na lixeira, copos vazios e outros na pia ou no armário, etc. Se se propôs algo e disse a outra pessoa, faça, se não disse também. Se te pediram algo e você não disse Não, cumpra; pois confiaram algo a você e isso gera expectativa e frustração se você não faz. Enfim, levante a bunda da poltrona, o tempo urge. Não parece mas pequenas atitudes dentro da nossa casa, mostra de fato o poder transformador que se tem. Imagine suas atitudes replicadas, é uma revolução; ou não, a mesmice, não é diferente dos nossos maus políticos que só tem discurso e aparência.

Em tempos difíceis

Me atrevo a pensar e dizer que talvez, essa seja uma oportunidade para uma revisão de vida, tipo, nossa terra, nossos valores, a partir da visão macro, focar no micro. Temas como: Minha casa minha vida no sentido abstrato, checar valores, no Ser ao invés do Ter, resgatar no interior sentimentos como compaixão, solidariedade, partilha. A humanidade está em xeque, parece que de tempos em tempos, a ganância, a vaidade humanas, chega a um limiar tal que a coisa implode, e é necessário começar de novo e de novo. A questão é sobreviver ao caos, não é uma questão somente da matéria, mas manter se vivo em corpo e espírito, consegue quem na turbulência dá as mãos e caminha juntos e carrega um Deus interior. "Fé na vida, fé no homem, fé no que virá, nós podemos muito, nós podemos mais, vamos lá pra ver o que será." Nós vamos atravessar Eu sei. Um beijo no seu coração.

Sobre violência e morte -20.11.2016

Sangue escorrendo por todos os lados, nos corpos inertes, nos corpos ativos, todos sedentos de sangue, e a sociedade se esvai, tempo de trevas, de lágrimas de ambos os lados, que lado? Quem ganha com isso? Só perdas sem fim. Enquanto não houver uma séria política de governo, a começar de cima, demonstrando os "cortes na carne", (no caso dos governantes, o judiciário, os políticos, empresários, todos os que ditam as regras no país; porque o povo já dá sua cota de sacrifício) com implementação séria de ações que promovam a cidadania, o resgate de valores éticos, morais, de respeito às diferenças, de dignidade e promoção do ser humano, a promoção da vida enfim, será isso: a barbárie televisionada, fotografada, impressa, para deleite, a falsa alegria dos sedentos, resultado de um estado falido, que leva as pessoas a fazerem "justiça" com as próprias mãos, em julgamentos sumários, nesse jogo cruel de matar ou morrer; e enquanto isso as mães choram (e pais também), porque para uma mãe filho bandido, inocente ou herói, torturado, ferido ou morto, Elas choram, se desesperam. E salve-se quem puder!

Companhia-23.11.2016

A pessoa trabalhando, tarde da noite, Eu querendo ajudar, mas não podendo interferir efetivamente. Sentei ao lado, entretida com uma leitura, num dado momento disse: "Tô aqui sentada sem fazer nada, quero ser companhia de alguma forma, faz de conta que sou um vaso de flores." Eu hein? Às vezes falo cada uma. Só sei que a pessoa sorriu e disse, tá ótimo meu bem.

Sobre cuidado - 08.12.2016

Pensando aqui que temos que cuidar uns dos outros e também de nós mesmos. Como assim? No dia a dia, tomar conta do ambiente; em um espaço comum, porém de uso coletivo não tem essa coisa de quê os incomodados que se retirem, é fazer sua parte, chamar o outro/a outra à responsabilidade, à ação também, é conversar para que o ambiente seja harmônico a todos, seja no lar, seja no ambiente de trabalho, escola, etc., as vezes é incomodar mesmo, mas onde estiver esteja vivo, atuante. Isso significa trabalho e nesse movimento significa relacionar-se com pessoas, estar atento às demandas do lugar e em quê, no que posso fazer para contribuir; espontaneamente e/ou perguntando mesmo. De outra forma e complementar à primeira, é cuidar de si, não sei de vocês, mas tomando como exemplo a percepção de mim mesma, sinto as vezes uma dualidade, um outro ser em mim. Então, é ficar antenado com meu interior, conversar comigo mesma(o), com esse "ser" que interage/interfere nos meus propósitos, é tomar conta dos meus pensamentos, duvidar de mim mesma(o) Sim porque a gente se trai, esse "ser" as vezes tenta roubar minha/sua paz de espírito, implantar pensamentos auto destrutivos, o desânimo, a tristeza no coração. Então, é olhar-se no espelho, procurar enxergar-se a si no emaranhado de coisas, é desfazer-se do que está morto, velho, descascado, manchado, é enfeitar-se, passar um hidratante no corpo, colocar uma roupa que te identifique, que te faz presença, é pintar a casa, passar um batom, sorrir pra vida, estar aberto às emoções, para o novo, às várias possibilidades; é proteger os pés e o corpo adequadamente para as intempéries da vida, é rever a bagagem, preparar a mochila, continuar o percurso que só Deus sabe, mas confiar, é transpor os pedregulhos mas ficar atento às pérolas do caminho. Raimunda Silva de Santana, inspirada.

Sobre os massacres nos presídios - 06.01.2017

O grito dos excluídos, ecoa no ar, o medo da morte dilacera a alma dos que a esperam. E os outros, ah os outros, esses assim como nós estamos muitos em êxtase com as cenas dantescas de sangue e crueldade, outros tomados de horror, paralisados, tolhidos da capacidade de revolta, da indignação, porém com um sentimento profundo de pesar, de luto. A verdade é que ninguém se salva, pobres de nós humanos, enquanto formos alheios, omissos, indiferentes ao problema alheio, estaremos todos condenados. Viva com isso.

Ciúme

Sempre tive medo de gente ciumenta, ciúmes nem sempre é amor, muitas vezes é mais um sentimento de posse, de controle, que tende a impedir que pensemos em outra coisa, que nos anula, que sufoca a si e ao outro e daí uma hora explode. Bom é o cuidar um do outro, é caminhar ao lado de alguém que nos admira e respeita, ambos com autonomia e expressão.
Das flores do meu jardim: Dália.

Quando Ela surgiu, foi uma surpresa para mim, pois Dálias fazem parte da minha memória de infância, belas e suntuosas. Não sei se é uma característica dessa espécie ou são assim mesmo, por meses dá-se por morta,mas aparece fulgurante entre dezembro e janeiro a cada fim e início do ano.

Triste constatação pós impeachment escrito em 5 de setembro de 2016 08:06

É triste constatar que poucas pessoas se dispõem a alcançar o pensamento do outro, olham e não vêem, escutam e não ouvem. O momento que vivemos no país é um bom exemplo, o primeiro movimento onde uma grande maioria das pessoas que não pensam no outro, a não ser de forma imediatista, do assistencialismo, ou que tirem proveito próprio; foram às ruas pelo impeachment da presidenta, e naquele momento, como agora, pouco se importam em acabar com a corrupção de fato, querem melhoria sim, mas preocupados em manter seus privilégios seu "status quo", com sua família e amigos. Ainda agora ficam medindo forças, qual movimento levou mais gente as ruas, qual movimento foi mais ou menos pacífico, quem falou mais ou menos errado, etc... parece-me que pouco mudamos dos tempos de colégio, das brigas de torcida. Gente a hora é largar de picuinhas, abrir os horizontes, expandir o olhar, porque afinal de que lado Você está? dos oprimidos ou dos opressores? Querem mais é continuar batendo continência, para o capital, para o poder e replicando a opressão cadeia abaixo, né? É pouco cristão isso, não acham? Temos mais é que ir pras ruas mesmo, todos. Pois afinal, todos queremos um país melhor. Não é possível que não enxerguem (mas não vêem) que Temer é um presidente ilegítimo, pois quando o Eleitor vota, vota na figura do Presidente, no caso Presidenta e na política e seu programa de governo; sim, Ele também estava lá como vice eu sei, porém quando um presidente se afasta, deve encaminhar as políticas de governo pactuadas votadas e Ele e seus asseclas ardilosamente tramaram tirá-la da presidência, barraram os projetos, o que esse processo vergonhoso de impeachment demostrou, e imediatamente começou a direcionar todas as ações contrárias ao esperado, programas onde claramente privilegia as grandes corporações, ações que promovem mais desigualdade de renda, de oportunidades para os mais pobres, ações contra os trabalhadores, etc. Afinal, que País queremos? Continuar com medo, engradados nos condomínios? Vendo a vida pela vidraça dos apartamentos, dos carros? Parem de olhar pra televisão, ouçam mais seu coração. O mundo é de todos, para todos. Uma humilde reflexão, me perdoem. Beijos no coração.

Queda do avião-Equipe Chapecoense- escrito em 30 de novembro de 2016 21:35

Queremos uma fuga, não há, um esconderijo, não existe. Resta nos encarar nossa estupidez. As análises comprovam nosso (meu?) temor; que a queda do avião que roubou a vida de setenta e uma pessoas, foi a falha humana, (como em quase todos as grandes tragédias materiais que levaram a mortes), no caso devido ao lado mais vil do caráter: a negligência/a falta do cuidado, do respeito para com a vida. Interesses comerciais e financeiros, ganância, arrogância e prepotência, acima dos valores fundamentais. Toda uma cidade chora nesse momento, todo um país sente, lamenta, Eu também por essas perdas irreparáveis. Meu sentimento também é devido, porque concretamente vi na atitude do comandante do avião (e também dono da CIA aérea) o que os políticos há décadas fazem conosco/ a população, como que levando uma grande aeronave, repleta de passageiros que pagaram alto todos os custos da viagem e no entanto somos transportados com negligência, de forma inescrupulosa, sem o devido cuidado/ respeito; onde os interesses do Capital, a manutenção do status quo, das regalias em benefício próprio, valem mais que os interesses, as necessidades do povo. E com o aval de muita gente. Sem alarde vidas se perdem todos os dias, de várias formas, matam-se sonhos, projetos, cria-se ressentimentos, planta-se o desalento, o conformismo, a desesperança. Ainda bem que tenho Cristo em mim, que me alimenta, e muitos amigos a quem contar/partilhar, pensando bem devo dar-me por feliz, muitos não sabem o que isto significa.