segunda-feira, 11 de dezembro de 2017

Seres apaixonados

Escrevo para não perder os pensamentos, não me perder, não esquecer a emoção que vi em olhos que acreditam, que sonham, que têm utopia ainda. Nenhum a menos. Essa frase me marcou. Nos olhos daquela professorinha, na fala daqueles dois professores soube o que é encantamento, crença, lutar contra a corrente. Dia desses já havia ficado enlevada com um filme com esse mote, e agora acompanhando a fala dos professores, com satisfação vi que é real, existem pessoas assim.  No debate, restava claro todo o drama e sofrimento do ato de reprovar, não aprovar determinados alunos para avançar para a série seguinte. Em um dado momento, no auge da emoção a professora disse: "Tudo o que eu queria era a surpresa, eu dei uma chance, e ele não fez o básico?! Porquê? No fundo eu sabia, mas estava na expectativa da surpresa, da novidade, e não, Ele fez exatamente o que sempre fez, não estudou, não se interessou, não se esforçou." Isso de fato decepciona, dói. No filme como na vida real, o sofrimento decorre da mania dos que assim o são, de quererem a todo custo que o outro assimile a nossa crença, a nossa visão de mundo. Somos pessoas que extrapolam, não cabemos em nós mesmos, tudo transborda, somos apaixonados pelo que fazemos e como todo ser apaixonado, temos dificuldade de enxergar o que difere de nós.  Quando deixamos de ser a gente e passamos a ser o outro? Penso que tudo é uma questão de perspectiva, é necessário um certo distanciamento para enxergar o que está nas entrelinhas, colocar as questões na mesa e permitir-se a Si e ao outro fazer escolhas. É verdade que não podemos consertar o mundo, aliás há quem possa? Quem disse que ele precisa ser consertado? O que, quem é normal? É verdade também, que para vivermos  coletivamente, há alguns códigos a serem decifrados, e alguns não conseguem, ou não querem, desvendar os enigmas, e que temos as vezes uma ínfima participação na vida de alguém, pois a vida de uma pessoa não se resume a um período, a uma fase; às vezes é preciso desenrolar lá para o início, voltar no tempo,  para um despertar de consciência. Como isso não é possível, ainda que cause dor, dizer não, reprovar a atitude de alguém, fazer com que o mesmo não avance; pode ser que permita à criatura "reprovada" e  ao círculo que a envolve, a revisão de alguns atos e atitudes, pode ser que não, pois afinal tudo é uma questão de escolhas, como já dito. Pense comigo, são oportunidades e isso é profundamente libertador. A luta dos sonhadores, utópicos, é não se deixarem desanimar, desacreditar, adoecer;  e por isso avançam mais e mais, apostam, arriscam, no vício da experimentação da descoberta; pessoas assim, embora para elas sejam profundamente desgastante pois estarão sempre na vanguarda, serão também sempre esteio e solidão, são sopro e ventania, pessoas assim, movem o mundo.





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