segunda-feira, 9 de abril de 2018

Homenagem à Antonio, seu Pai.

Meu pai era um homem humilde, de hábitos simples e como muitos de sua origem pobre, não conheceu os livros e a ele coube os trabalhos de gente da sua origem por exemplo, o Trabalho duro da roça;  atividades  que muitos da cidade não conhecem, como o corte de cana, a colheita de milho, café, algodão. Mãos grossas calejadas. Não me desgrudava dele. Jovem durante um feriado desses, queria estar junto e  como tinha curiosidade em conhecer sua rotina resolvi ir com ele trabalhar na colheita de café, mamãe me preparou para a empreitada com roupas grossas e uma touca de pano que ela fazia com abas compridas para proteger a cabeça e as laterais do rosto. Lembro dos rostos castigados e a dificuldade em subir no caminhão dos paus de arara como eram chamados e a marmita fria. Dos quatro dias que havia me disposto a ir, só aguentei dois, as mãos estouraram em feridas e calos. Várias vezes o vi beirando a exaustão devido aos trabalhos duros, pesados; por essas e outras morreu cedo. Emociono ao lembrar dele,  a falta que me faz, de seu orgulho e esforço sobrehumano em conjunto com mamãe Maria em alimentar seus seis filhos e mantê-los na escola, das mãos grossas que gostava de pegar e que ele evitava com ela nos acarinhar por medo de nos machucar; de tentar ensiná-lo a ler e escrever, da dificuldade e orgulho dele em assinar seu nome, Antônio. Nome forte de uma pessoa íntegra, amiga, trabalhadora, gentil, delicada, generosa. Adiante de seu tempo, à época a meninas não cabiam bem certas coisas, mas ele não só acompanhava meus gostos como apoiava, incentivava, em atividades como futebol feminino, handebol. Cuidou de muitos esfolados e contusões em mim, passou muito gelol, rsrsrs. Me levou a pescarias e em partidas de futebol para apoiar e auxiliar nas atividades de seu time. Papai preocupado com seus filhos criou na cidade um time por três gerações, Dente de leite, Mirim e Junior, com isso ajudou a incutir valores nos filhos e de muitas crianças, recuperou delinquentes, foi um grande homem.  Herdei dele, as virtudes, o gosto pela natureza, a resiliência, a covinha no rosto e o sorriso. Privilegiada eu fui, eu sou.

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