quarta-feira, 27 de abril de 2011

Cicatrizes

A vida é um acumular de cicatrizes. À primeira impressão parece algo catastrófico mas não é. Vejamos: Com o passar dos anos vamos adquirindo com o que chamamos envelhecimento marcas do tempo (que muitos tentam esconder), marcas essas que exprimem o tempo vivido (alguns mais, outros menos) em seu sentido literal; em algumas pessoas o conjunto dessas marcas dá para dimensionar se tiveram/têm uma vida de dificuldades/ sofrimentos ou se foram privilegiadas com uma vida tranquila, sem grandes aborrecimentos ou infortúnios. Nessas marcas, temos incluídas as de expressão, pelo conjunto que repetidas vezes acionamos determinados músculos do corpo e faciais, das vezes que sorrimos, que franzimos a testa que enrugamos os lábios, etc.... Há ainda as marcas adquiridas,  as cicatrizes oriundas de um traumatismo, um corte, uma intervenção cirúrgica, algumas inclusive são opcionais, oriundas de uma escolha. Tenho feito a minha coleção de cicatrizes, meu corpo está marcado de histórias, algumas me proporcionam mera observação de como foram/ vão se formando à medida que o tempo passa, outras foram adquiridas na tentativa de afastar a dor, de protelar a finitude nessa vida, de gozar por um pouco mais de tempo, de independência para me expressar e como única escolha de mostrar que a vida insiste, que é de luta. Ia me esquecendo das cicatrizes da alma, que também vão se acumulando. O fato é que ninguém passa pela vida incólume, sem marcas e isso é bom, é como um registro de tudo o vivido, o experimentado, algumas cicatrizes ao final não passam de sinais, de algo lacrado, algo que surgiu mas que passou, não existe mais, outras estão ali para te lembrar, são deveras cicatrizes de algo que ainda insiste e que precisam ser resolvidas, ser melhor tratadas, curadas para que não passem de meras marcas.Continuarei aumentando minha coleção, pois continuo vivendo.

Vida

O que é a vida senão um eterno ir e vir, uma constante inquietação, uma energia que te alimenta constante, incessantemente, que não te deixa morrer? Uma energia tal que ainda que o corpo físico te diz não, que fatos aconteçam e te deixam por vezes triste e amargurado, insiste, persiste e não deixa que a última fagulha de seu Eu se apague e faz você pensar que pode inclusive vencer o que chamamos de morte? Ah a vida, que me alimenta que me faz procurar nas mínimas e pequenas coisas a beleza, o inexplicável, aquela coisa que nos deixa embebecidos, muitas vezes incrédulos, que nos emociona. Muitos chamam de Deus, o fato é que não importa como a chamem é o que nos move, o que nos nutre.

sábado, 9 de abril de 2011

Sobre a tragédia em escola no bairro de Realengo no Rio de Janeiro

Saldo de mortes nesse episódio até o momento: 13 (sendo 12 crianças).
E quantas mais irão? Todos os dias assistimos estarrecidos tragédias familiares, pessoas matando umas as outras e gente inocente morrendo, como essa catástrofe no Rio de Janeiro com a morte de crianças em uma escola no bairro de realengo.
Vejo também com muita tristeza que mesmo com tudo isso acontecendo, a intolerância para com as diferenças aumenta, é o lado mais perverso do ser humano se manifestando quando sacaneamos alguém, quando rimos, colocamos apelidos e o tratamos com escárnio e com termos pejorativos, como se fôssemos superiores. Essa vaidade esse se, se (de quem se acha dono da verdade, melhor que os outros), ainda vai nos levar à ruina. Está faltando amor a humanidade, pois paraseando uma frase do texto escrito no jornal O Globo de 09/04 escrito pelo Cineasta Cacá Diegues, " Ninguém nasce racista ou homofóbico, ninguém nasce com preconceito algum", portanto pessoas, acordem, vamos trabalhar isso na nossa conduta, no modo como vemos a vida, resgatar o respeito, a delicadeza, a gentileza em lidar com o outro ainda que julguemos que são pessoas diferentes de nós por algum motivo ou aspecto e acompanhar melhor nossas crianças transmitindo-lhes esses valores de amor ao próximo, de se colocar no lugar do outro antes de qualquer atitude discriminatória.  Não podemos tolerar a intolerância, a injustiça para com o outro, antes de falar de alguém, sobre alguém, vamos buscar observar e ver na pessoa o que Ela tem de positivo e analtecer isso e ajudar para o seu crescimento no que estiver a seu alcance e aí talvez possamos evitar a formação de monstros como esse assassino em série da escola.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sobre o tempo

Sou indignada com essas marcas no tempo; ao olhar para uma pessoa procuro o que vai na sua alma. O quanto de vida Ela carrega e isso não está expresso na juventude de sua pele. Vejo que o mal do momento é a superficialidade, o egoismo, tentam nos vender uma mensagem de viver o momento e não pensar no amanhã, no outro, o querer se dar bem a qualquer custo; que o importante não é o ser, mas o parecer ser, uma aventura perigosa pois nessa busca perde-se o humano. Tenho encontrado pessoas de todas as idades, muitos com poucos anos de vida, literalmente; sem nenhum brilho e expressão, o tempo não passa de um abrir e fechar de olhos diário, simplesmente passam pela vida e não deixam marcas, não fazem falta. É verdade que muitas vezes, os que fazem a diferença e se sentem jovens muitas vezes são travados pelo corpo físico o que também não é ruim, pois quando extrapolam é preciso lembrar lhes que é preciso passar o bastão porque outros vem aí e precisam de espaço para se expressar. Então, vida e morte caminham juntas, de braços dados, uma querendo sobrepujar a outra, o diferencial de alguns é que a vontade de viver é tanta, que nada os intimida, nem a dor e assim vão imprimindo sua marca em tudo que faz, com capricho e esmero nas mínimas coisas, nos afazeres diários, na observação constante do que acontece ao seu redor, descobrindo oportunidades, espaços de atuação.  no espírito participativo, no trabalho constante, no foco nos objetivos, nos projetos traçados, nas metas alcançadas. Não se consegue tudo. É uma verdade! Porém é verdade também que vale a pena o esforço, a luta. Pobre daquele que é encosto para alguém, que é preciso que o alimentem, tendo todas as suas faculdades perfeitas e não o fazem por preguiça (como disse lá atrás, não faz falta). É verdade também que temos que viver o dia de hoje, porém em função de um depois. Pois se hoje é bom, o amanhã terá grandes chances de ser tão bom quanto ou ainda melhor. O medo nos protege. É verdade! Porém não pode ser um limitador, algo que nos impede de fazer o que é certo, o medo deve ser visto como uma precaução, algo que nos leva a ponderar sobre os riscos de nos machucar, de nos darmos mal. E muitas vezes nos leva a retroceder a traçar novas estratégias e caminhos. O medo nos imobiliza e muitas vezes nos impede de viver porque sabemos que não é possivel viver sem dor, sem perdas, sem sofrimento, sem errar. Mas como já disse isso é do humano e viver é preciso, é preciso construir uma história, ter um histórico para mostrar.Não estamos sós, basta olhar para o lado. Porque então somos capazes de sermos tão indiferentes para com a vida a nossa volta?

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Fale-me de você

Fale-me de você, ouvi certa vez, atrás da voz autoritária um olhar atento, perscrutando meu rosto a procura de palavras não ditas, algumas vezes nesses meus poucos anos de vida senti esse olhar, quente, querendo alcançar o mais profundo dos meus pensamentos, procurando a verdade e o quanto do que Eu dissesse é/era verdade. Alguém já sentiu isso? É uma sensação embaraçosa ao mesmo tempo instigante, alguém por alguns minutos disponibilizou sua atenção para você e aí bem, você têm que aproveitar esse raro momento, que pode ser único, é um turbilhão de emoções, seus neurônios parecem que vão dar um nó, para não atropelar, para que a face não transmita a confusão que se passa em seu interior. Calma, respira fundo, por onde começar? Pergunto até para me organizar melhor. A voz não pode passar excitação demais, emoção demais, tenho que manter o interlocutor interessado, transmitir a Ele o que precisa ser ouvido. Comigo foi uma coisa boa, todas as vezes em que isso aconteceu tive a oportunidade de fazer uma retrospectiva da minha vida, ver que houve lances bem interessantes, outros não tantos mas que mereciam ser revividos e outros que mereciam um aprofundamento melhor.